O cinema de animação sempre foi considerado um gênero predominantemente masculino. As histórias geralmente envolvem protagonistas masculinos ou heróis que salvam mulheres em perigo. No entanto, a partir do lançamento de Meu Malvado Favorito em 2010, esse padrão começou a mudar.

O filme conta a história de Gru, um vilão que planeja roubar a Lua e precisado das criaturas fofinhas chamadas Minions para ajudá-lo em seu plano. No entanto, a entrada das três meninas órfãs no enredo muda completamente sua perspectiva e seus objetivos.

As meninas, Margo, Edith e Agnes, não são apresentadas como personagens secundárias ou meras responsáveis por motivar Gru como acontece em outros filmes. Elas têm histórias próprias, personalidades marcantes e influenciam não só na trama, mas também na trajetória de Gru.

Margo, a mais velha, é a responsável e madura do grupo. Edith é a destemida e amante de aventuras e Agnes, a mais nova, é a doce e sonhadora. Cada uma com suas características e habilidades que não se resumem a serem apenas figuras decorativas ou femininas.

Além disso, no decorrer do filme, há uma desconstrução das expectativas de gênero.

Edith, por exemplo, usa roupas masculinas e cabelo curto, possui itens robóticos e não se preocupa em ser feminina. Agnes, por outro lado, gosta de bonecas e vestidos, mas isso não diminui sua inteligência e habilidades. Margo é apresentada como uma líder forte e capaz, que não precisa de um interesse amoroso para dar mais sentido a sua trajetória.

Essa quebra de estereótipos é importante para que filmes como Meu Malvado Favorito não caiam na armadilha de perpetuar figuras femininas estereotipadas e, consequentemente, afetem a construção de identidade das espectadoras.

As meninas têm acesso a mundos imaginários ricos em personagens influenciadores. Se as figuras femininas nos filmes de animação são sempre apresentadas como indefesas e sem controle sobre seu próprio destino, isso pode afetar diretamente a autoestima das crianças e jovens.

Meu Malvado Favorito representa, portanto, um marco na quebra de estereótipos de gênero no cinema de animação e na representação adequada das meninas em uma narrativa que não se concentra exclusivamente nas perspectivas masculinas. As jovens espectadoras ​​podem se identificar com as meninas do filme de uma forma saudável e positiva.

Em suma, este artigo mostrou como Meu Malvado Favorito conseguiu representar a figura feminina de uma forma mais completa e realista no cinema de animação, promovendo assim uma mudança significativa na construção de identidade de jovens espectadoras. É importante que outros filmes sigam esse exemplo e contribuam para uma sociedade mais igualitária e inclusiva.